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Rebelião na terra da Rainha: A juventude excluída sai as ruas. Por @erickdasilva

Publicação extraída do Blog:  http://www.aldeiagaulesa.net



Por Erick da Silva

Mobilizações incendiarias acabaram com a “calmaria” que supostamente viviam os súditos da Rainha. Primeiro nas ruas de Londres e agora se espalhando pelo resto do país, um grande movimento de revoltas e manifestações está abalando a Inglaterra.

O “estopim” da revolta foi a morte do jovem negro Mark Duggan, 29 anos, vítima de uma ação policial no bairro de Tottenham, uma das regiões mais carentes de Londres. No dia seguinte, sábado (06/08), jovens iniciaram uma onda espontânea de protestos, que foram violentamente reprimidos pelas forças policiais. No domingo, a rebelião se espalha, atingindo o norte e o sul da capital inglesa e rapidamente assume um crescente grau de radicalização. Nos dias seguintes já se espalhou por outras cidades, como Birmingham, Manchester, Liverpool etc.

Os protestos pegaram as autoridades de surpresa, afinal a Grã-Bretanha era uma “ilha de calmaria” em um continente de incertezas. Nas palavras de Julian Knight, do jornal britânico Independent, pouco antes da rebelião, ao comentar as turbulências e perigos de um aprofundamento da crise econômica na Europa, afirmou que, apesar dos bancos britânicos controlarem quantidades massivas de dívida da eurozona, “ainda assim, o Reino Unido é visto como um paraíso, com o governo capaz de emprestar aos menores juros dos últimos 50 anos.”

O problema é que este “paraíso” não era para todos, pelo contrário, apenas uma pequena minoria se beneficia desta farra financeira. Não é para menos que os saques e os confrontos com a polícia se iniciaram justamente nos bairros mais pobres de Londres, que concentram os imigrantes africanos, asiáticos e latinos explorados e humilhados pelo capitalismo inglês. A marginalização e a falta de perspectivas da juventude, inclusive, incentivam a formação de gangues e geram uma maior violência.

O verdadeiro abandono pelo Estado de uma parcela significativa da juventude inglesa é a principal raiz das revoltas. Um estudo da União Europeia deste ano revelou que 17% dos jovens da Grã-Bretanha são classificados como "NEETS" – sigla em inglês para aqueles que não tem emprego, educação ou treinamento - em outras palavras, sem perspectivas de emprego em um futuro imediato. Existem 600 mil pessoas, com menos de 25 anos na Grã-Bretanha, que nunca tiveram um dia de trabalho.

Para agravar ainda mais o quadro, em muitas cidades os programas sociais destinados aos jovens sofreram cortes de até 70%. Na subprefeitura de Haringey, onde fica o bairro de Tottenham, os cortes foram de 75% e oito dos treze centros de assistência social foram fechados.

Este é um problema crônico na Grã-Bretanha, que tem uma "geração perdida" de jovens, com uma alta evasão no ensino médio (as maiores taxas da Europa) e os coloca como as principais vítimas da crise capitalista. É este o verdadeiro motivo que levou a explosão incendiária de revoltas.

Ainda que tenham grande impacto, não encontraremos “bandeiras políticas” claras e definidas sendo apresentadas, não existe um movimento social organizando as ações. Não havendo parâmetros mínimos de organização e reivindicações “tradicionais” ou com algum horizonte para tal. Esta é a maior fragilidade do movimento, que sem esta organização, pode sucumbir a dura repressão que o governo britânico esta pondo em curso (que já colocou centenas de jovens atrás das grades). Mas estas debilidades, não retiram a legitimidade das manifestações. 

Este processo de grandes protestos demostram que, o mesmo sistema que gera estas crescentes desigualdades, também terá que enfrentar uma juventude que não aceitará calada. Com o agravamento da crise econômica e o governo seguindo as fracassadas receitas neoliberais, certamente outras rebeliões virão.

Cartum: Latuff

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